A Infecção do trato urinário (ITU) é a contaminação do sistema urinário por microorganismos. Geralmente as infecções são causadas por bactérias que atingem o trato urinário via ascendente, ou seja, por bactérias que geralmente penetram na bexiga e no sistema urinário alto pela uretra, que é o canal por onde a urina sai do organismo.
Quando a ITU atinge somente o trato urinário (bexiga) recebe o nome de Cistite, podendo ser sintomática ou não. Quando acomete simultaneamente o trato urinário alto (rins) recebe o nome de Pielonefrite. Tanto as cistites quanto as pielonefrites podem ser agudas ou crônicas, e sua origem pode ser comunitária ou hospitalar.
Todos os anos, 10% das mulheres relatam ter tido um episódio de cistite e mais de 50%, pelo menos, um episódio de itu durante a vida.
Porque as mulheres têm mais cistites que os homens? Devido às condições anatômicas as mulheres têm a uretra mais curta e maior proximidade à vagina e ao ânus. As mulheres que têm maior propensão a ter estas infecções são:
- aquelas que já tiveram infecção urinária prévia
- uso de geleias espermicidas que podem alterar a flora vaginal
- gestação e número de gestações
- diabete melittus
Já os fatores de risco nos homens são:
- instrumentação das vias urinárias por exames ou cirurgias
- uso de sondas urinárias
- hiperplasia da próstata
- prática de sexo anal desprotegido
As itus adquiridas em hospitais são as infecções mais frequentes nestes ambientes em todo o mundo, sendo responsável por 15% do total de gastos com infecção dentro dos nosocômios.
A itu é muito frequente em idosos, devido aos seguintes fatores: doenças associadas como do diabetes e doenças neurológicas, que diminuem a imunidade e prejudicam o esvaziamento da bexiga, favorecendo a colonização do sistema urinário por bactérias. As mulheres idosas também apresentam alterações hormonais decorrentes da menopausa, as quais atuam na vagina diminuindo a presença de lactobacilos e facilita a proliferação de bactérias intestinais. Já nos homens o aumento da próstata prejudica o esvaziamento da bexiga.
As bactérias mais envolvidas são a Escheria coli, responsável por 70-80% dos casos, Staphylococcus, Proteus, Klebsiella e Enterococcus faecalis.
O diagnóstico é clínico e a cistite manifesta-se por dor urinária, urgência miccional, aumento da frequência urinária, aumento das micções à noite e dor no abdome inferior. Febre é incomum. A cor da urina também pode mudar, podendo estar turva ou com sangramento. Já a pielonefrite evolui geralmente com febre e dor lombar, ocorrendo a tríade: febre/calafrios/dor lombar. A infecção é confirmada pelo exame comum de urina e pela cultura urinária. A bactéria causadora da infecção é identificada e isto traz subsídio para a conduta terapêutica, principalmente em casos complicados e recorrentes. Em casos especiais e em quadro crônicos e repetitivos é necessário fazer exames de imagem complementares, que incluem o ultrassom, a tomografia computadorizada e a endoscopia urinária (cistoscopia), dentre outros.